9-11 de junho
2021
Português
CHAMADA DE TRABALHOS
Convidamos pesquisadores e artistas de todas as áreas para submissão de trabalhos para a II Conferência Internacional de Pesquisa em Sonoridades – CIPS a se realizar online entre 9 e 11 de junho de 2021. Assim como em sua primeira edição, a II CIPS pretende promover a integração de diferentes campos do conhecimento relacionados ao som e às práticas sonoras.
O tema desta edição será “Sonoridades Fronteiriças”, que enfatiza as diferentes relações entre elementos sonoros/musicais assimilados e sedimentados nos variados contextos sociais, políticos e históricos, bem como aqueles que, por motivos diversos, são excluídos ou considerados secundários no atual modelo globalizado de produção e circulação midiática. A noção de fronteira enfatiza os processos de endurecimento ou maleabilização dos sistemas que estruturam sonoridades contemporâneas, e que tomamos como desafio discutir.
Conferencistas terão o privilégio de assistir os palestrantes convidados Meki Nzewi (Universidade de Port Harcourt, Nigéria) e Samantha Bennett (Universidade Nacional Australiana, Austrália). O evento contará também com performances artísticas e palestras de Fabiana Faleiros (Pelotas, Brasil), biarritzzz (Recife, Brasil) e Pedro Asaphan (Belo Horizonte, Brasil).
Cronograma:
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18/4 - Último dia para submissão de resumos de trabalhos científicos e propostas de performances artísticas
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29/4 - Envio dos pareceres (carta de aceite)
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17/5 - Publicação da programação definitiva
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09, 10 e 11/6 - Realização do evento
Inscrições com desconto até 30/4. Clique aqui para se inscrever.
O evento ocorrerá na plataforma online Zoom e contará com seis salas simultâneas para a apresentação de trabalho. Além de exposições convencionais, encorajamos também formatos criativos de apresentação acadêmica, como apresentações pré-gravadas e editadas em vídeo, áudio e outras possibilidades, desde que respeitado o limite de tempo máximo por apresentação que será definido posteriormente.
Confira, abaixo, as instruções para submissão de trabalhos científicos e propostas de performances artísticas.
SUBMISSÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
Os resumos devem ser submetidos para o email cips.sonoridades@gmail.com nos formatos .doc (ou .docx), informando no assunto do email “II CIPS”, seguido do GT pretendido (a indicação do GT no campo “assunto” é obrigatória).
O texto deve estar formatado em fonte Times New Roman, Corpo 12, espaçamento 1,5. No documento, deve constar, nesta ordem:
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Título da proposta;
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Autor(es), seus respectivos e-mails e filiação institucional (ou atividade principal);
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Resumo de até 500 palavras;
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Três a cinco palavras-chave;
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GT pretendido.
Os resumos podem ser enviados em português, espanhol ou inglês. Alguns GTs realizarão a moderação em apenas dois desses idiomas, mas isso está indicado na descrição do grupo.
CHAMADA DE PERFORMANCES ARTÍSTICAS
A II CIPS está recebendo propostas de performances artísticas que abordam e tensionam o tema do evento, "sonoridades fronteiriças". Serão avaliados trabalhos de qualquer natureza, desde que submetidos em vídeo e adequados para as sessões em videoconferência, devendo ter duração máxima de 10 minutos.
Propostas para performances artísticas devem ser submetidas para o email cips.sonoridades@gmail.com nos formatos .doc (ou .docx), informando no assunto do email “II CIPS - Performances”.
O texto deve estar formatado em fonte Times New Roman, Corpo 12, espaçamento 1,5. No documento, deve constar:
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Título da proposta;
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Autor(es), seus respectivos e-mails e filiação institucional (ou atividade principal);
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Descrição;
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Técnica/Formato
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Indicação de performance pré-gravada ou ao vivo
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Tempo de duração (até 10 minutos de duração)
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Minibio do(s) autor(es) de até 100 palavras cada
DESCRIÇÃO DOS GTs
GT 1: SONS, TECNOLOGIAS E DECOLONIALIDADE
Coordenação: José Cláudio Castanheira (UFSC) & Melina Santos (PUC-RS)
Este GT acolhe trabalhos que reflitam sobre as diversas instâncias da produção-circulação sonora/musical a partir de uma perspectiva decolonial. O projeto teórico decolonialidade propõe um olhar crítico sobre as formas hegemônicas de produção de conhecimento e de opressão de identidades, de etnias, de gênero, de divisão do trabalho e da organização da cultura que partiram de construções coloniais do pensamento europeu-americano-centrado. As interações entre todos estes processos constituem as sociedades, as culturas e a conjuntura da globalização, do capitalismo e do acesso ou restrição aos meios tecnológicos.
Em relação aos diferentes ambientes tecnológicos, as lógicas de gravação e/ou de produção musical em estúdios, os parâmetros de fabricação de instrumentos musicais, o uso generalizado de softwares de edição de áudio e a forma como se dá o acesso e o controle de tal infraestrutura estão dentro de uma dinâmica que poderíamos chamar de “tecnocolonialismo”.
Desta maneira, o GT Sons, Tecnologias e Decolonialidade propõe um diálogo entre abordagens que tensionam as desigualdades de classe, de gênero ou de raça presentes nas manifestações sonoras/musicais, nas condições e ambientes tecnológicos em que acesso e domínio sobre estruturas de produção e circulação também são um fator determinante.
Algumas possíveis abordagens (que não devem ser vistas como únicas) são:
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Relações interseccionais na produção, circulação e no consumo musical.
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Usos, acessos e relações de poder implícitos em dispositivos e discursos tecnológicos.
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Estruturas formais (teorias, noções classificatórias como “gênero”, herança cultural e patrimônio musical etc.) e modelos de escuta.
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Tensões entre multiculturalismo e a indústria fonográfica.
GT 2: SONORIDADES-ESPACIALIDADES
Coordenação: Dulce Mazer (UFRGS) & Pedro Marra (UFES/UFOP)
Da união entre “acústica” e “epistemologia”, Steven Feld propõe na década de 1980 o conceito de “acustemologia”, a fim de pensar a escuta geograficamente localizada como forma de conhecimento do espaço e das relações entre os seres humanos e não humanos que o habitam. Os sons, incluídos aí a música, são compreendidos como mediadores entre esses agentes, lugares e formas de conhecimento. Por ocuparem espaços com seu peso, tamanho e direcionalidade, são modulados nas práticas que produzem, compartilham, loteiam ou disputam o lugar. É nesse sentido que a música pode ser mobilizada por um bar ou cafeteria para a criação de uma ambiência ou atmosfera, um espaço afetivo, portanto, que favorece a sociabilidade que aí se desenrola. É assim também que os sons humanos, animais ou naturais que habitam um local delimitam suas fronteiras, ou que deficientes visuais se ecolocalizam no espaço público urbano e percebem que chegaram a seu destino.
Torna-se claro, então, que para além da dimensão temporal que costuma-se atribuir prioritariamente ao âmbito do sonoro, o mundo audível apresenta também uma dimensão espacial que reverbera superfícies, distâncias e volumes. Acrescente-se também a possibilidade de capturar o movimento e os ritmos que animam a vida social no local por meio dos sons que ali ressoam. As tecnologias, instrumentações, artefatos e aparelhos auditivos, sonoros e de áudio, ampliam as possibilidades da experiência auditiva humana e moldam nossa compreensão do ambiente natural que nos circunda.
O grupo de trabalho Sonoridades-espacialidades busca abordar tais questões de maneira abrangente a fim de abrigar trabalhos que mobilizem perspectivas teóricas e metodológicas variadas para abordar sonoridades, espaços e lugares diversos. De tal forma, serão aceitas investigações que lidem com as seguintes questões, mas não apenas:
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Sonoridades e produção do lugar, de seus sentidos e afetos.
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Som, ocupação e disputa política do espaço.
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Sonoridades e territorialidades.
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Deficiências, capacitismos e ecolocalização.
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Relações ecológicas e inter-especies por meio do som.
GT 3: FRONTEIRAS E NOMADISMOS DO SOM
Coordenação: Camila Proto (PUC-RJ), Cássio de Borba Lucas (UFRGS), Marcelo B. Conter (IFRS) & Mario Arruda (UFRGS)
O que pode a fronteira? Como ela se estabelece? Irredutível à divisória estática de um muro duro, a margem de um território é também a de uma linha mole, ou mesmo de um córrego de lava que com seu fluxo produz múltiplas margens… A fronteira pressupõe fechamentos e nomadismos. Ela tem agência, situando-se de modo a operar traduções e irritações para as estruturas que ela pretende proteger. Podem ser fronteiras sônicas; fronteiras que traduzem sons; sons que agem como ou nas fronteiras. Nessa perspectiva, propomos pensar: o que produz a fronteira e o que a fronteira produz? Pensar as fronteiras como lugares móveis, em constante deslocamento, atravessadas por corpos em viagem, signos flutuantes e sons nômades. Sons nômades são aqueles que vagam aquém e além dos territórios existentes, que rompem com as fronteiras e as tornam porosas, no seu próprio movimento de ultrapassar. Estes sons são conjuntos de relações singulares que extrapolam topologias sonoras fixadas em gêneros e identidades musicais disponíveis. Afinal, os sons desafiam fronteiras, como expressões e desejos em sobrevoo violento, inventando territórios movediços de signos e afetos.
Este GT pretende-se transdisciplinar e aceita trabalhos que problematizam os sons como fronteiras e as fronteiras como sons, buscando considerar seus territórios como cartografias que dinamizam as potências e os sentidos do sonoro pelas seguintes abordagens (não exclusivas) e objetivos:
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Enfatizar as operações de fronteiras semióticas que se traçam nas processualidades sônicas cotidianas e que informam a plasticidade das escutas musicais (semióticas pragmaticista, discursiva, tradutória e sistêmica).
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Diagramatizar as máquinas de fronteira que estabelecem relações tradutórias entre sistemas significantes e a-significantes do som (maquinismos e mecanosfera).
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Descrever a lógica afetiva que ora conjumina, ora interdita as conexões aberrantes entre atores humanos e não-humanos, ruídos caóticos e sons codificados (virada afetiva).
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Refletir sobre as fronteiras sônicas como expressões atualizadas e virtuais de processos de diferenciação (filosofia da diferença).
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Compreender nomadismos sonoros pela perspectiva das teorias das mídias, das materialidades e da noção de Arquivo (arqueologias do saber).
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Investigar fenômenos midiáticos e artísticos em função dos espectros que reterritorializam e desconstroem fronteiras sonoras (hauntology).
GT 4: SONO-SORO[RIDADES]: INTERVENÇÕES FEMINISTAS NA ARTE SONORA
Coordenação: Gabriela Aceves Sepúlveda (Simon Fraser University), Freya Zinovieff (Simon Fraser University) & Amanda Gutiérrez (Concordia University)
Partindo do conceito de sororidade de Marcela Lagarde (2006), compreendido como uma dimensão não-binária, ética, política e prática do(s) feminismo(s) contemporâneo(s), neste GT, consideramos sono-soro[ridades] como um marco crítico para investigar dimensões sônicas do patriarcado. Como uma intervenção feminista nos arquivos da arte sonora, sono-soro[ridades] busca tornar visível os entrecruzamentos entre o som e as construções sociais de gênero destacando o potencial do som para desvelar e tornar audíveis as dinâmicas de poder em que a violência de gênero e a exclusão se perpetuam. Neste GT, buscamos escutar como soam e se escutam as sono-soro[ridades] e explorar seu potencial político para criar futuros não-excludentes, assim como ressonificar passados e presentes mais inclusivos. Para tanto, convidamos apresentações de trabalhos de investigação histórica, teórica e de investigação-criação que tornem visíveis as contribuições de mulheres e artistas LGBTQ na arte sonora, incluindo (mas não limitado a) composição, invenção tecnológica, artes midiáticas, produções de rádio e podcast, bem como outros projetos que abriram, criaram e disseminaram espaços feministas e independentes para a produção sonora ao redor do mundo. Aceitamos trabalhos em espanhol, inglês e português, mas o painel será moderado em espanhol e inglês.
GT 5: SOM E MÚSICA NAS CULTURAS DIGITAIS
Coordenação Paula Gomes-Ribeiro (CESEM-NOVA de Lisboa) & João Francisco Porfírio (CESEM-NOVA de Lisboa)
É um argumento comum que, junto com a globalização da economia, os meios digitais contribuíram sensivelmente para o crescimento de um modelo transnacional de circulação de bens culturais. A vulgarização e expansão da Internet e de equipamentos e formatos de escuta móvel, bem como dinamização da inteligência artificial ao serviço da produção e disseminação do som e da música, têm transformado os sistemas de produção, distribuição e consumo musical e sonoro de modo particularmente veloz. Estas transformações têm tido ainda mais expressão na recente situação de pandemia e confinamento.
Por ser indispensável observar crítica e detalhadamente o comportamento de formatos e modelos culturais, fenômenos, agentes e comunidades, no contexto das redes e sistemas de comunicação que os enquadram e estruturam, convida-se a submissão de trabalhos que investiguem práticas, discursos e conteúdos sonoros, musicais e audiovisuais na paisagem digital da contemporaneidade. Serão aceitos trabalhos que problematizem as múltiplas relações entre som, música e o ciberespaço como elementos essenciais de produção de cultura nos nossos dias.
Este GT abrange fenômenos como: a produção e disponibilização de playlists em espaços como o Spotify; a proliferação de vídeos associados a grandes editoras ou em modalidade DIY; a partilha e discussão de música e discursos sobre gostos musicais nos social media; a intensa expansão do streaming de todo o tipo de espetáculos; a multiplicidade de comunidades online de apreciação, partilha (e por vezes coprodução) de subgéneros musicais e outras manifestações sonoras; os usos de música e som numa diversidade de produtos como por exemplo audiovisuais disponibilizados no Instagram, Facebook ou Tik Tok; o modo como a inteligência artificial é utilizada por empresas e outras entidades na condução das escolhas de música e paisagens sonoras personalizadas no quotidiano, entre outras temáticas. Aceitamos resumos em português, espanhol e inglês, mas o painel será moderado em português e inglês.
GT 6: ONDE ESTÁ O OUTRO? EPISTEMOLOGIAS DO SOM E IMAGINAÇÕES SÔNICAS
Coordenação: Thaís Aragão (UFC), Rui Chaves (UFPB), Juliana Carla Bastos (UFPB) & Henrique Souza Lima (USP)
Conhecer o som, conhecer com o som: estes dois modos epistêmicos são parte de um leitmotiv de pesquisa em constante expansão (i.e., estudos do som), buscando estabelecer bases necessárias para novos conceitos e abordagens metodológicas. Como esse conhecimento está sendo feito, especialmente em relação ou resposta ao “outro” axiológico em pesquisa? Que ferramentas conceituais vêm sendo desenvolvidas e usadas na transformação do som em objeto de estudo? Se quem observa constitui o que está sob observação, saber quem são as pessoas, que lugar elas ocupam e que tempo elas vivem são dados importantes para pensarmos sobre como estamos construindo o próprio saber sobre o som, e sua pertinência dentro da ecologia dos saberes. Evocamos aqui a ideia de imaginações sônicas: um pensamento plural, capaz de nos permitir experimentar outras perspectivas ou mesmo criar novas. Como aquele que observa ou discute engloba o outro (humano ou não humano) sendo observado dentro de um paradigma relacional e locacional? Gostaríamos de convocar a possibilidade de fabulações críticas ou imaginações sônicas e abordagens conceptuais orientadas para o pensamento intersubjetivo, multivocal e não essencialista, em que o som como objeto de estudo se enrede em ecologias de conhecimento, oferecendo perspectivas únicas a partir do Sul Global.
Merecem atento debate ricas práticas sonoras que, mesmo desenvolvidas em meio a condições socioeconômicas precárias, trazem implicações micro e macropolíticas relevantes. Assim, é necessária uma visão crítica instigada por abordagens imaginativas e especulativas, capaz de apontar limitações nas epistemologias sonoras mais correntes e oferecer novas perspectivas. A partir deste marco, incentivamos a submissão de propostas que enfatizam interrogações e proposições sobre aspectos teórico-metodológicos da pesquisa em som, desde seu próprio estatuto de objeto epistêmico aos desenhos metodológicos das investigações em curso:
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Conceitos de meio/medium/mídia/media, ruído e materialidade em interface com o som;
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Revisões de aspectos epistêmicos da e na ecologia acústica: do enquadramento proposto pela paisagem sonora ao dinamismo inerente ao som;
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Discussões metodológicas no campo da etnografia que ativam o som como modo de conhecimento, com ênfase particular na contestação de modelos de objetividade científica;
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Ficção sônica como método de pesquisa: outros pontos de escuta, especulação e produção de conhecimento e história(s) sonoras fora de epistemes (neo)colonialistas;
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Pode o subalterno ter agência sônica? Descrição de pesquisas artísticas que amplificam formas esquecidas de expressão cultural e resistência sonoras;
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O “arquivo” insurgente: redefinindo patrimônio sonoro, construindo cartografias pós-representacionais e oferecendo descrições polifônicas de sociedades cosmopolitas;
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Filosofias sônicas do Sul Global: outros modos de ativar a filosofia para pensar os sons;
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A exploração do trabalho e de recursos naturais: o elo perdido nos estudos do som.